quarta-feira, 7 de abril de 2010

                         Diálogos pertinentes

Ateu pergunta: Qual é o objetivo que nós ateus temos em debater, filosofar e até mesmo afrontar o pensamento mágico, religioso, infundado, ilógico? O que nós esperamos mudar?

Religioso responde:  Talvez porque vocês precisam um dos outros para não vacilarem diante da dúvida persistente em relação a existência ou não de Deus, ou mais, a existência ou não da responsabilidade. Aliás, todas as respostas acima revelam o desejo da criação de uma comunidade da fé ateísta do novo Mundo.Respondendo ao complemento, acho que vocês querem mais gente para a fé no nada não parecer equivocada.Concordo que a tolerância é base fundamental para tudo na vida, então, ao invés de pregar o ceticismo, não é mais interessante pregar a tolerãncia, respeito, fraternidade, igualdade sem querer tomar isso como qualidade exclusiva ou predominante nos que creem nas coincidencias?

Antiteísta responde: Se você(religioso) acredita em espíritos, vai precisar do apoio da consciência de um grande grupo para alimentar um sistema de técnicas de estimulação e manutenção à essa crença, esse é o propósito da religião, e da escravidão mental. Mas se você acredita ou não na existência de uma célula do tecido epidérmico, por exemplo, tudo o que precisa é de um pedaço de pele e uma super lente, para ver com seus próprios olhos, esse é o propósito da ciência e do conhecimento, da autonomia e da liberdade mental. Por isso ateístas, não precisam de se organizarem em consciência de grupo para reforçar sua descrença em deus ou divindades. Nós não cremos “piamente” para “vermos”, ou não afirmamos que o que não vemos existe de facto, primeiro nós “suspeitamos”(questionamos), a existência de algo e se o vermos ou o capturarmos realmente, então, mostramos com evidências, aos outros, o que vimos. Por isso não acreditamos em coincidências, mas em evidências das causas e seus efeitos. Então porque pregar a religião em vez de incentivar mais ao conhecimento da ciência?

Mas que ateístas poderiam ser organizar para conquistar uma posição de liberdade sem danos morais e materiais numa sociedade realmente laica, seria de grande valia. E nesse aspecto os ateístas brasileiros, por exemplo estão bem dispersos. Volta e meia cruzo com uns mais ou menos ativos, porém são bem poucos, infelizmente. Não temos espaços em programas de tv, só temos literatura do gênero importada, e, não temos escritores brasileiros dedicados exclusivamente ao universo ateísta*.

* = liberdade pelo conhecimento e uso da razão em sua livre expressão.

Não temos que mudar as mentes convertidas, ou tentarmos converter os teístas, esse papel é o de uma religião. Nós ateístas devemos ter como objetivo, conquistar nosso espaço com respeito na sociedade, e incentivar os trabalhos dos ateístas ativos(escritores, palestrantes, por exemplo que estimulam entre os ateístas mais conhecimento e mais atividades que nos levem à conquista de nossa liberdade mental e de expressão. Em resumo, devemos nos concentrarmos em nosso aprimoramento e não perdermos tempo nem energia em converter os convertidos.

Ateu pergunta: De que maneira o ateísmo poderia se espalhar com mais eficiência? [/b](Acho que com tolerância é um bom começo.)

Religioso responde: Sua pergunta é coerente, pois vi uns artigos na internet onde está escrito que o ateísmo também é uma religião.

Antiteísta responde: Ateísmo não pode ser uma religião, simplesmente porque não tem os elementos de uma religião: como rituais, por exemplo, além de que não provoca dependência mental(escravidão)sob o poder da crença em coisas que não existem como um facto.

Quanto à tolerância, essa só é possível, de posse do conhecimento pelos factos, porque, só entendendo como as coisas realmente são e funcionam, é que adquirimos a compreensão dos motivos que movem os movimentos da humanidade no mundo. E não há, nem nunca houve tolerância no mundo religioso nem entre os seus(excomunhão, julgamento e condenação ao fogo do inferno, penitências ou outros castigos...). Que dirá, tolerância com os ateísta, que são vistos como ameaça ao poder das religiões e ao torpor viciante dos seus fiéis , não é mesmo?

Ateu pergunta a todos: Que vocês esperam que aconteça daqui pra frente? Mais ateístas? Mais evangélicos, mais católicos? Mais judeus?

Religioso responde: Mais pessoas que se questionem a respeito da vida.

Antiteísta responde : Será que este religioso está acordando? Concordo e desejo isso também. Quanto mais gente, questionar a vida, mais gente acordará do torpor da prisão mental, que obrigou ver o mundo sob as lentes alteradas da religião.

Ateu pergunta: O que nós realmente queremos com isso?Construir um mundo melhor? Com menos hipocrisia?

Religioso responde: Sem dúvidas, mas isso não é, de novo, exclusividade ou predominância ateísta.

Antiteísta responde: Ainda bem que não é uma exclusividade ateísta, querer um mundo melhor. Mas o mundo tem estado há milhares de anos, sob a guarda das religiões, e ele se tornou um mundo melhor? Só a hipocrisia exclusiva dos religiosos, poderia varrer para debaixo do tapete da memória covarde e esquecida, as guerras “santas” e seus papas genocidas , a inquisição, e do que hoje fazem os judeus sionistas com o exército de Israel massacrando os muçulmanos árabes.E qualquer coisa que possa ter contribuído para uma vida melhor, certamente veio da ciência, apesar dos atrasos por ser tão perseguida pela religião.

Ateu pergunta: O que diferencia um teísta de um ateísta? Digo na construção de uma sociedade.

Religioso responde: Isso é particular, qualquer generalização é um absurdo.

Antiteísta responde : A diferença é que os teístas, por serem a maioria ao longo dos tempos, e por terem fundado as religiões que exerceram e exercem grande poder político e econômico, é que fizeram do mundo o que ele é hoje. E embora todas tenham pregado o paraíso e a fraternidade, ele ainda é uma ilha de desigualdade social, num mar de dor e sangue.

Ateu pergunta a outros ateus: Se um crente não-fundamentalista dissesse: "Eu estou bem com a minha religião (mesmo não fazendo sentido algum), não quero e tenho medo de mudar" o que vocês diriam? (mesmo que essa pessoa precisasse nitidamente de ajuda).

Religioso responde: Nada, pois querer é poder. E isso vale para os dois lados...

Antiteísta responde: Concordo, e lembro que o papel de converter é para as religiões. E que os ateístas devem se dedicar entre si, e se ocuparem somente em se aprimorarem no conhecimento, e atividades que os levem a conquistarem a sua liberdade mental bem como uma sociedade realmente laica.Isto seria visto como um comportamento egoísta, pois não nos importamos com os prisioneiros das religiões? Não seria egoísmo, porque os crentes estão muito bem como estão em suas religiões.Deixá-los como estão é reconhecer a sua liberdade de escolha( pois desejaram por ignorância ou desespero colocar suas vidas sob as rédeas da igreja), e antes de mais nada, é economia de tempo e energia para nos aprimorarmos em nossas conquistas. Quando digo que perdemos tempo e energia ao tentarmos em vão “desconverter” um convertido, estou afirmando que, embora ninguém se converteu porque tão somente acreditou, mas porque a técnica subliminar de conversão funcionou porque ele desejou isso, o mesmo, ao contrário, não é possível ou seria uma prisão mental também. A “desconversão” é possível, e eu sou prova disso, porém somente quando adquirimos uma atitude mental de desaprovação dos resultados que obtemos ou vemos em nossa própria vida, e conscientemente forte o bastante , para levantarmos suspeitas e então começarmos os questionamentos que nos levantarão os véus da cegueira que o torpor mental sob a religião nos impunha, então passamos a desejar uma autonomia, e uma intensa busca pelo conhecimento que possa nos levar a ela. De forma que esse despertar possa ser considerado uma “auto-desconversão” que só é possível e efetiva de forma natural, espontânea, como um grau de amadurecimento ou conquista da própria razão. Essa condição deixa o indivíduo meio que sem rumo e perdido por um tempo, pois ele está acostumado a entregar as rédeas de sua vida à outrem.(ex.igreja, padre, pastor, mestre), além do que começa a se ver como um peixe fora d’ água, pois todos a sua volta ainda estão sob o torpor, e como se não bastasse se colocam contra aquele que tenta se livrar deste. Se há alguma utilidade para os trabalhos, estudos, pesquisas, ou divulgação de materiais ateístas, seria para aqueles que estão justamente nesta fase tão difícil, além de outros trabalhos daqueles que já caminham com as próprias pernas, e já estejam em uma fase de conquista social significativa.

Pra finalizar: Por que respondi tudo isso a um espírita(digo isso por causa da mensagem do Kardec no rodapé de seu post)? Bom, nem sei o que ele faz num site para ateus. Mas que entenda que só tive a intenção de esclarecer sua opinião um tanto escurecida sobre o ateísmo. Nem tenho a intenção de “espalhar o ateísmo” pois esse discurso é o de quem teme que um vírus contamine ou provoque sabotagem num programa ou sistema de controle. E como eu já disse o ateísmo autêntico é algo espontâneo(auto-produzido). Nenhum religioso deve temer esse vírus. O ateísmo não é uma doença que se pega, ao contrário, é uma cura espontânea.Mas a religião é que se pega porque se propaga(se prega)se utiliza de técnicas de conversão ou que se prega e se pega dos altares ou púlpitos.

E para quem ainda não entendeu a diferença entre um simples ateu e um anti-teísta, é que este último além de ateu, já ocupa uma posição ativista com participação declarada na sociedade com a intenção de conquistar e declarar seu direito de liberdade mental e de sua expressão. E é um grande engano e prova de ignorância achar que um antiteísmo de qualidade seja um militarismo ou fundamentalismo no sentido literal, embora haja ateus despreparados prestando um des-serviço(ofendendo com grosserias ou problemas de carácter) à liberdade(ainda que uma prisão, é desejada pelos crentes), ao se esquecer de que o autêntico ateísmo só pode advir de um amadurecimento expontâneo. Pois o desmascaramento dos crentes ou religiosos, pela imposição, só causa revoltas, e deixemos essas causas e culpas às religiões que tanto contribuíram e contribuem para as adversidades entre si no mundo, porque nós ateus ou anti-teístas não disputamos clientela fiel, pois não temos padres para engordarmos nem pastores para enriquecermos, só lutamos por nossa liberdade mental e de expressão numa sociedade mais justa e laica.

Postado por Márcia Zaros em :
(diálogos pertinentes no site ateus.net)

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