O etnocentrismo consiste em privilegiar um
universo de representações propondo-o como modelo e reduzindo à insignificância
os demais universos e culturas “diferentes”. De fato, trata-se de uma violência
que, historicamente, não só se concretizou por meio da violência física contida
nas diversas formas de colonialismos, mas, sobretudo, disfarçadamente por meio
daquilo que Pierre Bourdieu chama “violência simbólica”, que é o “colonialismo
cognitivo” na antropologia de De Martino.
"Hoje, mais uma vez, só nós estamos certos, e o mundo
inteiro está errado. Os árabes, os russos, os africanos, o Vaticano a oferecer
suas percepções e conhecimentos acumulados sobre a ética do massacre. E os
europeus. Embora nós apreciemos este meio século de democracia européia
ocidental mais do que podemos apreciar os milênios anteriores da brutalidade
européia, reconhecemos quem são, e o que fizeram, e o que isso significa para
nós...( O texto intitulado "Nós estamos certos, Errado está mundo
inteiro", foi escrito pelo rabino Dov Fischer, advogado e membro do
Comitê das Relações Judaicas da Federação Judaica de Los Angeles-(Dov Fischer, Nós estamos certos, o mundo inteiro está errado,
Forward (Nova Iorque, 2002) p. 11.-http://rabbidov.com/American
Jews/wererightworldwrong.htm
)
Enquanto que paralelamente deve ocorrer a
supremacia(etnocentrismo) de um grupo dominante, elevado às alturas, intocável
e impossível aos demais, o contrário(com relação ao outro,que não é dos seus)
também deve ser trabalhado.
O etnocentrismo origina e tem origem na
xenofobia e suas características:
1-(O Outro) - em suas diversas formas)deve ser
rejeitado, diminuído,desvalorizado e evitado.
2-O terrorismo da destruição dos outros, como
podemos ver inclusive desde as atuações dos israelitas bíblicos e o deus Yavé
aos terroristas modernos do sionismo israelita, na mesma terra(Palestina)
apesar de milhares de anos terem se passado.
3- repressiva ação quanto à assimilação dos outros
4-Específica xenofobia onde se faz presente uma “filosofia
do apartheid” do desenvolvimento “em separado.
No livro de Isaías, lemos: "Os estrangeiros
devem construir os teus muros, e seus reis serão os teus Ministros... Porque a
nação e o reino que não te atender, perecerá... os filhos daqueles que te
oprimirem se inclinarão perante ti, e todos os que te desprezarem se curvarão a
teus pés... os estrangeiros devem ficar e alimentar teus rebanhos, e devem ser
teus lavradores e vinhateiros... comerás a riqueza das nações e em suas
riquezas te glorificarás."( Isaías
60:10-14; Isaías 61 5-6)
O
etnocentrismo opõe-se, como contrário, ao etnoperiferismo, a doutrina que afirma que
nenhuma cultura é central, ou superior às outras, são todas periféricas. Há um etnocentrismo relativista, como o etnocentrismo judaico religioso relativo
ao mundo mítico expresso na Bíblia ou na
Torá e no Talmud, bem como o prático sionista que se resume assim: “Aceitamos
as diferentes culturas de todos os povos do mundo, mas consideramo-nos
superiores nos nossos valores democráticos de matriz judaica israelita, por
isso intervimos militarmente na palestina.”
Isaac Deutscher se
definiu com um judeu não-judeu, afirmando:
Se não é a raça, que é então que faz um judeu?
Religião? Eu sou ateu. Nacionalismo judaico? Sou internacionalista. Dessa
forma, em nenhum dos dois sentidos sou judeu. Sou judeu, entretanto, pela força
da minha incondicional solidariedade aos perseguidos e exterminados. Sou judeu porque
sinto a tragédia judaica como a minha própria tragédia; porque sinto o pulsar
da história judaica; porque daria tudo que pudesse para assegurar aos judeus
auto-respeito e segurança reais e não fictícios.(1)
Até para se declarar ateu e solidário com os árabes
Deutscher precisa reafirmar fidelidade ao judaísmo?
Independentemente de ser sionista o
judeu é etnocêntrico porque o judaísmo é etnocentrista em suas bases
A mensagem central das escrituras hebraicas
é que os judeus são um povo divinamente "escolhido", uma única
comunidade exclusiva e distinta do resto da humanidade. No livro de
Deuteronômio, por exemplo, podemos ler: "Porque tu és o povo santo do
Senhor teu Deus. O Senhor teu Deus te escolheu para ser o povo de sua possessão
sobre todos os povos que existem na face da terra."( Deuteronômio 7:6 e 14:2.)
Como podemos ver, este trecho acima, resume praticamente
toda ideologia etnocêntrica do judaísmo que ninguém ousou renegar, nem antes
nem depois do sionismo moderno. Embora haja a tentativa de se evitar críticas
ao judaísmo, em se criando uma versão mais universalista, onde o discurso além
de mostras distante da prática, não convence porque é uma ação tardia no
sentido de moderna e impregnada de conceitos cristãos, além do que é totalmente
inconsistente com as bases do judaísmo que já se inicia auto-intitulando
exclusivo, superior, monárquico, único e credenciado intérprete e intermediador(
entre o céu e a Terra), como porta-vozes de um deus ditador, xenofóbico,vingativo
e como “povo” tutor dos demais(não judeus).
Poderíamos até acreditarmos num real(e não apenas literário
e utópico) judaísmo humanista, se considerarmos que Yavé também mudou na medida
que os tempos e os valores das sociedades idem, além de observarmos na prática
o abandono da leitura ritual e a retirada dos textos dos livros ditos
“sagrados” as suas passagens absolutamente nada humanistas. Muitas pessoas, geralmente
preferem histórias agradáveis às desagradáveis verdades, e prefere
acreditar no que é mais fácil e confortável acreditar. Essa é a razão pela qual
a maioria de nós prefere pensar que todas as religiões compartilham valores
comuns de fundo humanista, e que todas aspiram, cada uma à sua maneira, a mesma
verdade suprema. Mas a mensagem do judaísmo, e seus ensinamentos não são
destinados a todas as pessoas. A sua moralidade não é universal. Judaísmo é uma
religião de um só e determinado povo. A religião judaica é baseada não em uma
relação entre Deus e a humanidade, mas sim em um "pacto", ou
contrato, entre Deus e um povo "escolhido".
Em Deuteronômio,no
capítulo XX podemos ler:
"Quando tu te aproximares de uma
cidade para lutar contra ela, oferece condições de paz. E se a resposta for de
paz, ela se abrirá, e então todas as pessoas que lá estiverem devem ser
forçadas trabalhar para ti e a te servir. Mas se a resposta não for de paz, e
fizerem guerra contra ti, então deves cercá-la, e quando o Senhor teu Deus a
der em tua mão, deves passar todos os homens pela a espada, mas as mulheres e
os mais pequenos, o gado e tudo o resto da cidade, todo o despojo, tu tomarás
como presa, e deverás apreciar o espólio de teus inimigos, que o Senhor teu
Deus te der... Mas nas cidades desses povos que o Senhor teu Deus te der como
herança, não deves deixar vivo nada que respire, e deves destruí-los
totalmente."
Ainda no livro de Josué
8: 24-27, podemos ler:
"Quando Israel tinha acabado o abate
de todos os habitantes do Ai, no deserto aberto onde os perseguiu, e depois que
o último já tinha caído pelo fio da espada, todo o Israel voltou a Ai e
atacou-a com a ponta da espada. O total dos que caíram naquele dia, tanto
homens, como mulheres, foi doze mil – todo o povo de Ai – Josué não recuou a
mão com a qual lançou a espada, até destruir totalmente todos os habitantes de
Ai. Só os animais e os despojos daquela cidade, Israel tomou como sua presa,
segundo a palavra do Senhor que a tinha dito a Josué. Assim Josué queimou toda
a Ai, e tomou para sempre as ruínas, como ainda estão até hoje."
Ao contrário do que nos tentam convencer, a
discriminação e a xenofobia dos judeus para com os não-judeus chamados
pejorativamente de goym, não é um produto do sionismo, mas alimentados por
motivações religiosas, como podemos ver em seus livros sagrados e em seus
discursos, e são exatamente o equivalente em sentido oposto ao anti-semitismo. A
diferença e por sorte dos judeus é que não existe uma ADL que criminalize o
anti-goynismo.
(1) DEUTSCHER,
Isaac. O judeu não-judeu e outros ensaios. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1970, p. 49.
Nenhum comentário:
Postar um comentário