segunda-feira, 6 de maio de 2013

Etnocentrismo Judaico

 
O etnocentrismo consiste em privilegiar um universo de representações propondo-o como modelo e reduzindo à insignificância os demais universos e culturas “diferentes”. De fato, trata-se de uma violência que, historicamente, não só se concretizou por meio da violência física contida nas diversas formas de colonialismos, mas, sobretudo, disfarçadamente por meio daquilo que Pierre Bourdieu chama “violência simbólica”, que é o “colonialismo cognitivo” na antropologia de De Martino.

 

"Hoje, mais uma vez, só nós estamos certos, e o mundo inteiro está errado. Os árabes, os russos, os africanos, o Vaticano a oferecer suas percepções e conhecimentos acumulados sobre a ética do massacre. E os europeus. Embora nós apreciemos este meio século de democracia européia ocidental mais do que podemos apreciar os milênios anteriores da brutalidade européia, reconhecemos quem são, e o que fizeram, e o que isso significa para nós...( O texto intitulado "Nós estamos certos, Errado está mundo inteiro", foi escrito pelo rabino Dov Fischer, advogado e membro do Comitê das Relações Judaicas da Federação Judaica de Los Angeles-(Dov Fischer, Nós estamos certos, o mundo inteiro está errado, Forward (Nova Iorque, 2002) p. 11.-http://rabbidov.com/American Jews/wererightworldwrong.htm )

 

Enquanto que paralelamente deve ocorrer a supremacia(etnocentrismo) de um grupo dominante, elevado às alturas, intocável e impossível aos demais, o contrário(com relação ao outro,que não é dos seus) também deve ser trabalhado. 

 

O etnocentrismo origina e tem origem na xenofobia e suas características:

 

1-(O Outro) - em suas diversas formas)deve ser rejeitado, diminuído,desvalorizado e evitado.

2-O terrorismo da destruição dos outros, como podemos ver inclusive desde as atuações dos israelitas bíblicos e o deus Yavé aos terroristas modernos do sionismo israelita, na mesma terra(Palestina) apesar de milhares de anos terem se passado.

3- repressiva ação quanto à  assimilação dos outros

4-Específica xenofobia onde se faz presente uma “filosofia do apartheid” do desenvolvimento “em separado.

 

No livro de Isaías, lemos: "Os estrangeiros devem construir os teus muros, e seus reis serão os teus Ministros... Porque a nação e o reino que não te atender, perecerá... os filhos daqueles que te oprimirem se inclinarão perante ti, e todos os que te desprezarem se curvarão a teus pés... os estrangeiros devem ficar e alimentar teus rebanhos, e devem ser teus lavradores e vinhateiros... comerás a riqueza das nações e em suas riquezas te glorificarás."( Isaías 60:10-14; Isaías 61 5-6)

 

 

O etnocentrismo opõe-se, como contrário, ao etnoperiferismo, a doutrina que afirma que nenhuma cultura é central, ou superior às outras, são todas periféricas. Há um etnocentrismo relativista, como o etnocentrismo judaico religioso relativo ao mundo mítico expresso na  Bíblia ou na Torá e no Talmud, bem como o prático sionista que se resume assim: “Aceitamos as diferentes culturas de todos os povos do mundo, mas consideramo-nos superiores nos nossos valores democráticos de matriz judaica israelita, por isso intervimos militarmente na palestina.”

Isaac Deutscher se definiu com um judeu não-judeu, afirmando:

Se não é a raça, que é então que faz um judeu? Religião? Eu sou ateu. Nacionalismo judaico? Sou internacionalista. Dessa forma, em nenhum dos dois sentidos sou judeu. Sou judeu, entretanto, pela força da minha incondicional solidariedade aos perseguidos e exterminados. Sou judeu porque sinto a tragédia judaica como a minha própria tragédia; porque sinto o pulsar da história judaica; porque daria tudo que pudesse para assegurar aos judeus auto-respeito e segurança reais e não fictícios.(1)

Até para se declarar ateu e solidário com os árabes Deutscher precisa reafirmar fidelidade ao judaísmo?

 

 

Independentemente de ser sionista o judeu é etnocêntrico porque o judaísmo é etnocentrista em suas bases

 

A mensagem central das escrituras hebraicas é que os judeus são um povo divinamente "escolhido", uma única comunidade exclusiva e distinta do resto da humanidade. No livro de Deuteronômio, por exemplo, podemos ler: "Porque tu és o povo santo do Senhor teu Deus. O Senhor teu Deus te escolheu para ser o povo de sua possessão sobre todos os povos que existem na face da terra."( Deuteronômio 7:6 e 14:2.)

 

Como podemos ver, este trecho acima, resume praticamente toda ideologia etnocêntrica do judaísmo que ninguém ousou renegar, nem antes nem depois do sionismo moderno. Embora haja a tentativa de se evitar críticas ao judaísmo, em se criando uma versão mais universalista, onde o discurso além de mostras distante da prática, não convence porque é uma ação tardia no sentido de moderna e impregnada de conceitos cristãos, além do que é totalmente inconsistente com as bases do judaísmo que já se inicia auto-intitulando exclusivo, superior, monárquico, único e credenciado intérprete e intermediador( entre o céu e a Terra), como porta-vozes de um deus ditador, xenofóbico,vingativo e como “povo” tutor dos demais(não judeus). 

 

Poderíamos até acreditarmos num real(e não apenas literário e utópico) judaísmo humanista, se considerarmos que Yavé também mudou na medida que os tempos e os valores das sociedades idem, além de observarmos na prática o abandono da leitura ritual e a retirada dos textos dos livros ditos “sagrados” as suas passagens absolutamente nada humanistas. Muitas pessoas, geralmente  preferem histórias agradáveis às desagradáveis verdades, e prefere acreditar no que é mais fácil e confortável acreditar. Essa é a razão pela qual a maioria de nós prefere pensar que todas as religiões compartilham valores comuns de fundo humanista, e que todas aspiram, cada uma à sua maneira, a mesma verdade suprema. Mas a mensagem do judaísmo, e seus ensinamentos não são destinados a todas as pessoas. A sua moralidade não é universal. Judaísmo é uma religião de um só e determinado povo. A religião judaica é baseada não em uma relação entre Deus e a humanidade, mas sim em um "pacto", ou contrato, entre Deus e um povo "escolhido".

 

Em  Deuteronômio,no capítulo XX podemos ler:

"Quando tu te aproximares de uma cidade para lutar contra ela, oferece condições de paz. E se a resposta for de paz, ela se abrirá, e então todas as pessoas que lá estiverem devem ser forçadas trabalhar para ti e a te servir. Mas se a resposta não for de paz, e fizerem guerra contra ti, então deves cercá-la, e quando o Senhor teu Deus a der em tua mão, deves passar todos os homens pela a espada, mas as mulheres e os mais pequenos, o gado e tudo o resto da cidade, todo o despojo, tu tomarás como presa, e deverás apreciar o espólio de teus inimigos, que o Senhor teu Deus te der... Mas nas cidades desses povos que o Senhor teu Deus te der como herança, não deves deixar vivo nada que respire, e deves destruí-los totalmente."

 

Ainda no livro de Josué  8: 24-27, podemos ler:

 

"Quando Israel tinha acabado o abate de todos os habitantes do Ai, no deserto aberto onde os perseguiu, e depois que o último já tinha caído pelo fio da espada, todo o Israel voltou a Ai e atacou-a com a ponta da espada. O total dos que caíram naquele dia, tanto homens, como mulheres, foi doze mil – todo o povo de Ai – Josué não recuou a mão com a qual lançou a espada, até destruir totalmente todos os habitantes de Ai. Só os animais e os despojos daquela cidade, Israel tomou como sua presa, segundo a palavra do Senhor que a tinha dito a Josué. Assim Josué queimou toda a Ai, e tomou para sempre as ruínas, como ainda estão até hoje."

 

Ao contrário do que nos tentam convencer, a discriminação e a xenofobia dos judeus para com os não-judeus chamados pejorativamente de goym, não é um produto do sionismo, mas alimentados por motivações religiosas, como podemos ver em seus livros sagrados e em seus discursos, e são exatamente o equivalente em sentido oposto ao anti-semitismo. A diferença e por sorte dos judeus é que não existe uma ADL que criminalize o anti-goynismo.

(1) DEUTSCHER, Isaac. O judeu não-judeu e outros ensaios. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1970, p. 49.